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Primeira Leitura: ATOS: Atos dos Apóstolos (At), capítulo 15 Segunda Leitura: APOCALIPSE: Apocalipse de São João (Ap), capítulo 21 |
EVANGELHOS: Evangelho segundo São João (Jo), capítulo 14 (23) Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada. (24) Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou. (25) Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco. (26) Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito. (27) Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize! (28) Ouvistes que eu vos disse: Vou e volto a vós. Se me amardes, certamente haveis de alegrar-vos, que vou para junto do Pai, porque o Pai é maior do que eu. (29) E disse-vos agora estas coisas, antes que aconteçam, para que creiais quando acontecerem. | ||||||||
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6.º Domingo da Páscoa - A alma dos justos é morada de DeusEvangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. Quem não me ama, não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não é minha, mas do Pai que me enviou. * As primeiras palavras de Cristo no Evangelho deste domingo — "Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada" (v. 23) — referem-se ao grande mistério da inabitação trinitária, que consiste no seguinte: toda alma que tenha recebido a graça de Deus pelo Batismo e que não a tenha perdido pelo pecado, tem dentro de si a presença da própria Santíssima Trindade — Pai, Filho e Espírito Santo. Convém explicar, em primeiro lugar, a natureza dessa presença, diversa de todas as outras que se observam na ordem criada. Como sabemos, Deus criou todas as coisas, deu a existência a tudo o que existe, chamou do nada ao ser todas as criaturas. Embora o ato pelo qual cria as coisas seja um só — não se trata de uma "evolução gradual" —, para que as coisas sigam existindo, é necessário que Ele sustente continuamente todas as coisas no ser, mais ou menos como uma usina elétrica que mantém todas as lâmpadas de uma cidade permanentemente acesas. Assim como, se essa usina para de funcionar, as lâmpadas se apagam, se Deus deixasse de amparar as Suas criaturas, elas imediatamente deixariam de existir. Esse tipo de presença divina nas criaturas nós a chamamos de presença de imensidade, e não é a presença à qual Jesus está fazendo alusão nesse Evangelho. Tampouco se refere Nosso Senhor aqui à Sua presença eucarística, quando Seu corpo, sangue, alma e divindade estão localizados nas espécies do pão e do vinho, no Santíssimo Sacramento. O que Ele está falando, na verdade, é de uma presença de amizade na alma dos justos — presença muito superior àquela de imensidade e que faz com que sejamos capazes de nos comunicar com Ele a qualquer tempo e onde quer que estejamos. Essa presença traz consigo a nota da reciprocidade: "se alguém me ama, (...) o meu Pai o amará", pois toda verdadeira amizade é uma "via de mão dupla". Aqueles que, sendo batizados, perderam essa divina presença em suas almas porque, com o pecado, deixaram de amar a Deus, precisam voltar à vida da graça. Para tanto, é necessário arrepender-se dos próprios pecados e recorrer ao sacramento da Confissão, por meio do qual o Verbo encarnado mesmo infunde novamente a graça na alma do penitente, absolvendo consequentemente os seus pecados. Aqueles que já estão na amizade com Deus devem preocupar-se não só em fugir decididamente do pecado, mas também em crescer na vida da graça. Para tanto, são necessárias: a fé, para que vejamos Cristo, a fonte de água viva que jorra dentro de nós (cf. Jo 4, 14); e a caridade, por meio da qual respondemos ao amor de Deus e saciamos a sede que Ele tem do nosso amor, mesmo que seja com o vinagre amargo da nossa vida infiel. O exercício da fé é a oração e é por isso que a vida de intimidade com Deus é tão necessária para qualquer cristão: nós até podemos ter a fonte de água viva dentro de nós, mas, sem oração, tragicamente continuaremos morrendo de sede. O amor que devolvemos a Deus, por sua vez, precisa transbordar para uma outra presença Sua, no próximo — a Sua presença vicária. Foi Ele mesmo quem o ensinou quando disse: "Todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes" (Mt 25, 40). Para quem toma consciência dessas realidades, já não existe solidão. Ainda que materialmente nada tenhamos e humanamente não tenhamos ninguém, se Deus é nosso amigo, temos a presença mais importante de todas, a Presença, diante da qual todas as outras não passam de sombra passageira. Padre Paulo Ricardo A Jerusalém CelesteNo Domingo passado, dizíamos que a Igreja é fruto da Páscoa do Senhor, que ela nasceu do lado do Cristo morto e ressuscitado, que ela vive e continua a nascer da água do Batismo e do sangue da Eucaristia, que o Senhor, na sua fidelidade, haverá de levá-la à plenitude, que até lá, a Igreja deve ser sinal vivo do Reino de Deus entre as provações da história e deve viver no amor – herança que o Senhor nos deixou… No Domingo presente, a Palavra de Deus continua a nos falar da Igreja, dessa Comunidade do Ressuscitado, Comunidade que peregrina já há dois mil anos na história humana, como um povo tão pobre, tão débil, humanamente falando, mas também tão rico e tão forte pela presença do Ressuscitado entre nós. É ainda o Apocalipse que nos apresenta, de modo belíssimo, a glória da Jerusalém celeste, Esposa do Cordeiro, nossa Mãe católica: “Mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, descendo do céu, de junto de Deus, brilhando com a glória de Deus” – Esta Jerusalém gloriosa é a Igreja! Ela não nasce do povo, não nasce de um projeto humano; ela nasce do coração do Pai, que, através do Filho Jesus, doador do Espírito, chamou-nos, reuniu-nos, salvou-nos e fez de nós um novo povo, uma nova cidade, uma nova aliança, início de uma nova humanidade. A Igreja é a verdadeira Jerusalém, a verdadeira Cidade de Deus, que desce do céu e que é santificada pelo sangue do Cordeiro e, um dia, será totalmente transfigurada na glória de Deus. Não na sua própria glória, mas na de Deus, aquela glória que já brilha na face do Cristo ressuscitado! Ela é a herança e a realização plena do antigo povo de Israel, ela é a plenitude do povo de Israel, é o Israel da nova aliança. Por isso, “nas suas portas estavam escritos os nomes das doze tribos de Israel”. Mas, a Igreja é mais que Israel: ela é aberta a todos os povos, suas portas são abertas para todos os lados: “havia três portas do lado do oriente, três portas do lado norte, três portas do lado sul e três portas do lado do ocidente”. A nova Jerusalém é católica, é aberta a todos, aberta em todas as direções, pois nela todos os povos, todas as culturas terão abrigo. A Igreja não é simplesmente uma continuação do antigo Israel e a nova aliança não é simplesmente uma continuação da antiga! Não somos judeus! Em Cristo, tudo foi renovado: “Eis que eu faço novas todas as coisas!” (Ap 21,5). Se a Igreja tem nas suas portas os nomes das doze tribos de Israel, tem, por outro lado, como alicerce, o doze apóstolos do Cordeiro: “A muralha da cidade tinha doze alicerces, e sobre eles estavam escritos os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”. Isso aparece muito claramente na primeira leitura da Missa de hoje: os apóstolos, assistidos pelo Espírito Santo, decidiram que os cristãos vindos do paganismo não necessitavam tornarem-se judeus, não precisavam cumprir a Lei de Moisés! Os cristãos não são uma seita judaica! É interessante como os apóstolos, ao tomarem uma decisão tão importante, tinham consciência de que eram assistidos pelo Espírito do Cristo ressuscitado: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós…” – foi o que eles disseram… o que a Igreja ainda hoje diz, quando os bispos, sucessores dos apóstolos, decidem algo sobre a fé, em comunhão com o Sucessor de Pedro. A Igreja sabe e experimente que o seu Esposo ressuscitado não a abandona; não a abandonará jamais! Recordemos a promessa de Jesus no Evangelho de hoje: “O Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará o que eu vos tenho dito”. Este Espírito Santo santifica continuamente a Igreja, guia-a, sustenta-a, vivifica-a, orienta-a! Ele é a própria vida do Ressuscitado em nós, seja pessoalmente, seja como comunidade de fé. Por isso Jesus olha para nós e pode dizer com toda verdade e segurança e com toda eficácia: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou! Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Ouvistes o que eu vos disse: ‘Vou e voltarei a vós!’” – É verdade: o Ressuscitado permanece conosco na potência do seu Espírito! Não precisamos ter medo, não precisamos nos sentir sozinhos, confusos, abandonados: na potência do Espírito, o Cristo estará sempre conosco! É por isso que o Autor sagrado afirma ainda: “Não vi nenhum templo na cidade, pois o seu Templo é o próprio Senhor, o Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro. A cidade não precisa de sol, nem de luz que a iluminem, pois a glória de Deus é a sua luz e a sua lâmpada é o Cordeiro”. Que imagens, irmãos e irmãs! A Igreja, nova Jerusalém está toda imersa em Deus e no seu Cristo. Ela mesma é templo de Deus no Espírito Santo! Ela vive na luz do Cristo, apesar de caminhar nas trevas deste mundo! Para o mundo, que somente pode enxergar a Igreja na sua realidade exterior, ela é apenas mais uma instituição, entre tantas do mundo. Mas, para nós, que cremos, para nós somos Igreja viva, para nós que dela nascemos e nela vivemos, para nós que nos nutrimos de seus sacramentos, ela é muito mais, ela é este admirável mistério de fé! É isto que queremos dizer quando dizemos: “Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica”. Renovemos nossa fé na Igreja e mergulhemos cada vez mais no seu mistério, pois é aí, é aqui, que podemos viver na nossa vida o mistério e a salvação do Cristo, nosso Deus. Gostaria de terminar com as palavras de Carlo Carreto: “Como és contestável para mim, Igreja! E, no entanto, como te amo! Como me fizeste sofrer! E, no entanto, quanto te devo! Gostaria de te ver destruída. E, no entanto, tenho necessidade de tua presença. Deste-me tantos escândalos! E, no entanto, me fizeste compreender a santidade. Nunca vi nada de mais obscurantista, mais comprometido e mais falso no mundo. Mas também nunca toquei em nada tão puro, tão generoso e tão belo! Quantas vezes tive vontade de bater em tua cara a porta de minha alma! E quantas vezes orei para um dia morrer em teus braços seguros! Não, não posso me libertar de ti, porque eu sou tu, mesmo não sendo completamente tu! Além disso, aonde iria eu? Construiria outra? Mas não poderia construí-la, senão com os mesmos defeitos, porque são os meus defeitos que levo para dentro dela. E, se a construísse, seria a minha igreja e não a Igreja de Cristo! E já estou bastante velho para compreender que não sou melhor que os outros.” Dom Henrique Soares |
Quando as grandes leis não valem mais, o cumprimento das pequenas é brutalmente exigido. [Chesterton (1874-1936)]
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