SÃO PEDRO – BENTO XVI
Dom Fernando Arêas Rifan (*)
Dia 29 próximo celebraremos a festa de São Pedro, apóstolo escolhido por Jesus para ser seu vigário aqui na terra, constituído por ele seu
representante (“vigário”, aquele que faz as vezes de outro), chefe da sua
Igreja: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas
(os poderes) do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do
Reino dos Céus (a Igreja): tudo o que ligares na terra será ligado no Céu e
tudo o que desligares na terra será desligado no Céu” (Mt
16, 18-19).
São Pedro, fraco por ele mesmo, mas forte pela força que lhe deu Jesus,
representa bem a Igreja de Cristo. No Credo do Povo de Deus proclamamos: “Cremos
na Igreja una, santa, católica e apostólica, edificada por Jesus Cristo sobre a
pedra que é Pedro... Cremos que a Igreja, fundada por Cristo e pela qual Ele
orou, é indefectivelmente una, na fé, no culto e no vínculo da comunhão hierárquica.
Ela é santa, apesar de incluir pecadores no seu seio; pois em si mesma não goza
de outra vida senão a vida da graça. Se realmente seus membros se alimentam
dessa vida, se santificam; se dela se afastam, contraem pecados e impurezas
espirituais, que impedem o brilho e a difusão de sua santidade. É por isso que
ela sofre e faz penitência por esses pecados, tendo o poder de livrar deles a
seus filhos, pelo Sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo”.
Nesse dia também celebramos, com toda a Igreja, os 61 anos da ordenação
sacerdotal do nosso caríssimo Papa Bento XVI, 265º sucessor de São Pedro. A ele
os nossos parabéns e votos de muita saúde, força e graças para o governo da
Igreja que lhe foi confiado.
Como ele mesmo diz, sua ordenação sacerdotal foi o “momento mais importante” da
sua vida. Ele recebeu o sacramento junto ao seu irmão mais velho, Georg, das
mãos do cardeal Michael von Faulhaber, conhecido como grande opositor do
nazismo.
Ele mesmo escreve nas suas memórias: “No dia da primeira Missa, fomos acolhidos
em todos os lugares – também entre pessoas completamente desconhecidas –, com
uma cordialidade que até aquele momento eu não poderia ter imaginado. Experimentei
assim, muito diretamente, quão grandes esperanças os homens colocavam em suas
relações com o sacerdote, quanto esperavam sua bênção, que vem da força do
sacramento. Não se tratava da minha pessoa nem da do meu irmão: o que poderiam
significar, por si mesmos, dois irmãos como nós, para tanta gente que
encontrávamos? Viam em nós pessoas às quais Cristo havia confiado uma tarefa
para levar sua presença entre os homens; assim, justamente porque não éramos
nós que estávamos no centro, nasciam tão rapidamente relações de amizade.”
Mas o Papa não quer que este seja um momento de exaltação da sua pessoa; ele
espera que sirva para promover na Igreja o agradecimento a Deus pelo dom do
sacerdócio e para pedir-lhe que suscite novas vocações. Esta mesma
(re)descoberta do sacerdócio, no âmbito universal, é o objetivo que Bento XVI
apresenta ao celebrar seu aniversário de ordenação.
(*) Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João
Maria Vianney