Homens e animais: suas diferenças
segundo a moral católica
quinta-feira,
24 de novembro de 2011
Introdução:
Muito sem tem falado atualmente, na mídia ou mesmo nas redes sociais, da
dignidade animal, levando em conta alguns casos isolados de "animais
heróicos" que ajudaram a salvar vítimas de desastres, comparando-os a
casos isolados de seres humanos cruéis como assassinos, ladrões ou
estupradores. Baseando-se nesse tipo de comparação, muitos veem os animais como
"semelhantes" aos homens.
Além do absurdo de dizer que homens e animais são igualmente queridos por Deus
e são igualmente dignos das graças e méritos da salvação de Jesus Cristo,
alguns extrapolam e dizem que os animais são até mesmo mais importantes que os
homens, já que nós somos os únicos capazes de matar, ferir, humilhar ou cometer
outros tipos de danos a nossos semelhantes ou a outros seres..
Neste artigo, pautando-se no ensino da Sagrada Tradição, do Sagrado Magistério
e das Sagradas Escrituras, quero explicar o que a Igreja Católica ensina sobre
o assunto, colocando cada um (homem e animal) em seu devido lugar, bem como
desfazer os principais equívocos que rondam a nossa sociedade quando o assunto
é esse.
Homens e animais - Igual dignidade?
Logo no início das Sagradas Escrituras, no Livro do Gênesis, está
escrito que no sexto dia da criação Deus criou os animais e depois criou o HOMEM a sua imagem e semelhança, para
reinar e dominar sobre os peixes, as aves, os animais domésticos e sobre TODA A TERRA. (Conf Gen 1,26-28)
Evidente que com isso, Deus não quis dizer que os animais são ruins
ou merecem ser maltratados, pois Deus viu que "tudo era bom" (Gn 1,31). As Sagradas Escrituras apenas
atestam que o homem é superior a qualquer forma animal ou vegetal, e deve
reinar e governar sobre elas.
Em outras palavras, ainda que hajam seres humanos cometendo atos cruéis e até
inimagináveis, ainda somos superiores às demais espécies existentes no planeta
e é nosso dever utilizar delas conscientemente, já que foram feitos por Deus
para nos servir.
Animais tem alma? Posso rezar pelos animais
falecidos?
Os animais têm alma, mas a alma animal é uma alma mortal e perecível, ou seja,
quando um animal morre, sua alma também morre, eles não serão julgados e
portanto não vão ao céu ou ao inferno. Rezar por um animal falecido é errado,
uma vez que não há animais no céu, no inferno ou no purgatório.
Maltratar animais é pecado?
O Catecismo da Igreja Católica afirma que "é contrário à dignidade humana
fazer os animais sofrerem inutilmente e desperdiçar suas vidas."(CIC 2418), portanto, só se torna pecado
maltratar um animal INUTILMENTE.
Entende-se como um "maltrato útil" aquele em que coloca-se um fim bom
para justificar o mau trato, como por exemplo, a doma, quando se priva o animal
de alimentos por algum período de tempo para que esse se torne mais obediente
ou mais apto a realizar as funções que lhe forem impostas ou mesmo quando se
prende o cachorro com uma corrente para que ele a force, tornando-se assim mais
feroz e eficiente na sua função como cão de guarda. Esses são apenas exemplos,
o mais importante é saber que, NEM TODO MAU
TRATO AOS ANIMAIS É PECADO, somente os maus tratos inúteis (sem um
objetivo bom).
Animais pecam?
Não, animais não pecam, apenas vivem seus instintos. Ainda que alguns
estudiosos da ciência tentem explicar a inteligência animal, essa inteligência
que alguns animais possuem não os fazem capaz de reconhecer a Deus como Senhor
e Criador. Mesmo que a ciência prove algo ainda não descoberto sobre
"inteligência animal", essa inteligência nunca será capaz de discernir o certo e o errado como nós
seres humanos podemos fazer.
Se um animal mata o outro, ou faz "sexo ao ar livre" não comete
pecado algum; seria tolice e absurdo achar que um cachorro peca contra a
castidade quando começa a cruzar com uma cadela no meio da rua. Na mesma
proporção, animais que fazem "atos heróicos", como salvar seus donos
de um prédio em chamas, não recebem nenhum
mérito de Deus por suas ações. Sua única finalidade neste mundo é
servir ao homem e seguir seus instintos.
Até que ponto posso amar e cuidar bem dos
animais?
O Catecismo da Igreja Católica ensina que TODOS OS HOMENS devem carinho aos animais, pois sua simples
existência bendiz e dá glória a Deus (CIC
2416), também diz que "pode-se amar os animais, porém não se
deve orientar para eles o afeto devido exclusivamente às pessoas." (CIC 2418)
Como se vê, a Igreja não estabelece um limite de "pode e não pode" no
que tange à dedicação e amor aos animais,, a Igreja ensina apenas que o amor e
a dedicação aos homens deve ser sempre maior, justamente porque todo homem (por
pior que ele seja) é imagem e semelhança de Deus e merece nossa atenção no
sentido de uma busca incessante pela salvação eterna, enquanto os animais estão
neste mundo unicamente para nos servir.
Seria ilícito, e portanto pecado grave, por exemplo, comprar artigos de luxo
para animais de estimação e deixar os filhos vivendo em condição miserável, ou
deixar de ter mais filhos para dedicar mais tempo a cuidar dos animais de
estimação.
Católico pode ser vegetariano?
Depende do motivo que leva a pessoa a optar pela abstinência completa de carnes.
Existem aquelas pessoas que optam por esse tipo de alimentação por achar que o
consumo de carne faz mal à saúde, e que excluí-la completamente de seu cardápio
trará benefícios à saúde. Neste caso, não há o menor problema, pois a Igreja
jamais determina que tipo de alimentos devemos comer em nosso dia a dia.
Por outro lado, existem pessoas que excluem a carne do cardápio por achar que é
crueldade matar os animais, ou que, por serem iguais aos homens, não podem ser
usados para nossa alimentação. Óbvio que esse tipo de pensamento não é
compatível à doutrina cristã, como já expliquei acima.O Catecismo também é
claro ao afirmar que é lícito servir-se dos animais como alimentos,
pensar ou afirmar o contrário é heresia.
E rodeios e touradas, são lícitos?
Antes de explicar convém relembrar um velho jargão: "o abuso não tolhe
o uso".
O explicado abaixo serve para qualquer outro tipo de esportes, festas,
atividades ou tradições em que sejam utilizados os animais.
Se em alguns lugares os rodeios acabam por maltratar animais ou fazê-los morrer
de forma cruel, isso não tira a licitude de um evento que, DENTRO DOS LIMITES, o sofrimento do animal
não seja inútil.
Em outras palavras, o animal, como inferior ao ser humano, PODE SER USADO para nossa diversão. Podemos
comparar a tourada ou o rodeio, por exemplo, a um macaquinho que faz graças no
zoológico em troca de bananas, a única diferença é que em "alguns rodeios
ocorrem abusos", há pessoas que matam ou torturam o animal como
finalidade, não como meio e são esses
abusos que devem ser combatidos e não o rodeio e as touradas em
si.
Alguns argumentam que os animais passam fome ou ficam amarrados, porém, esse
tipo de ação é lícita se tem como fim torná-los mais obedientes ou aptos para
realizar suas funções. Se existem alguns lugares onde os peões mutilam,
machucam de forma injusta, matam ou torturam excessivamente os animais, esses
abusos é que são ilícitos, mas isso não tira a licitude de um rodeio com
limites e onde os "maus tratos" são feitos moderadamente e com as
finalidades devidas.
Para saber se o rodeio é ou não lícito, deve-se analisar EM PRIMEIRA INSTÂNCIA o perigo causado às
pessoas, tanto de quem participa como de quem assiste e não o perigo ou dano ao
animal. Depois, obviamente, pode-se também analisar se o sofrimento animal é
tido como fim ou meio, ou se foram excessivos, mas em primeiro lugar está os
seres humanos envolvidos no evento.
Se alguns se chocam com algumas cenas ou espantam-se pelas palavras acima
escritas é porque ainda há um pensamento politicamente correto de defesa animal
de que homens e animais possuem iguais dignidade e nem se dão conta.
Para concluir convém lembrar: quem
tem o coração sensível e não aguenta ver o touro ou o cavalo sofrer , não
precisa ir. Simples!
Autor: Everton do N. Siqueira