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Solenidade de Todos os Santos - A doutrina católica a respeito da santidadeEvangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus Naquele tempo, vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los: * Embora a plena bem-aventurança do homem só possa ser alcançada no Céu, já nesta vida as pessoas podem chegar a uma tal comunhão com Deus, a ponto de serem chamadas verdadeiramente "santas". Essa, que é a doutrina católica a respeito da santidade, foi radicalmente negada pela teologia protestante, no século XVI. Para Martinho Lutero e seus seguidores, de fato, não é possível que uma pessoa se livre de seus pecados e defeitos nesta vida. Pela fé, o homem justificado não teria os seus pecados apagados, mas tão somente encobertos. É o que está na Declaração Sólida da Fórmula de Concórdia, um dos primeiros compêndios do luteranismo: "Os justificados são declarados e imputados justos e piedosos pela fé e por causa da obediência de Cristo (...), ainda que, por conta de sua natureza corrompida, eles ainda sejam e permaneçam pecadores até o túmulo" [1]. A maior prova de que essa teoria protestante está errada se encontra justamente na vida dos santos católicos, homens e mulheres que se livraram de todos os seus egoísmos e alcançaram a perfeição da caridade, "ainda neste desterro". Para compreender em que consiste essa santidade e como chegar a ela, vale servir-se da vida e da obra de uma grande doutora da Igreja, contemporânea a Lutero: Santa Teresa de Ávila. Em sua obra Castelo Interior, Teresa compara a alma humana a "um castelo todo de diamante ou de cristal muito claro onde há muitos aposentos, tal como no céu há muitas moradas (cf. Jo 14, 2)" [2], e em cujo centro está o próprio Deus – sustentando o ser dos homens e dando-lhes a vida natural. Quanto à vida sobrenatural, porém, um pode achar-se (a) ou em estado de graça (b) ou em pecado mortal: "Gostaria que considerásseis o que será ver esse castelo tão resplandecente e formoso, essa pérola oriental, essa árvore de vida plantada nas próprias águas vivas da vida, que é Deus, quando cai em pecado mortal. Não há treva tão tenebrosa, nem coisa tão escura e negra que se lhe compare. A quem entrou nos primeiros aposentos, embora esteja no interior do castelo, nem sempre é dado contemplar a sua magnificência – debilitado que está por seus defeitos, arrastado que é por seus vícios e perturbado que se acha por suas paixões desordenadas –, a não ser que, interiorizando-se, entrando em si mesmo, vá se aproximando cada vez mais de Deus, que está no íntimo de seu ser [4]. Para tanto, é necessário recorrer constantemente à oração, determinando-se a nunca abandoná-la, até que se atinja a meta [5]. A oração de que aqui se fala, contudo, não são essas manifestações exteriores e sentimentais, que se encontram muitas vezes nos chamados "grupos de oração", senão aquela que conduz a uma verdadeira reflexão: "Pelo que posso entender, a porta para entrar nesse castelo é a oração e reflexão. Não digo oração mental mais do que vocal; para haver oração, é necessária a reflexão (consideración). Não chamo oração aquilo em que não se percebe com quem se fala e o que se pede, nem quem pede e a quem; por mais que se mexam os lábios, não se trata de oração." [6] De morada em morada, então, a alma cristã vai progredindo na vida da santidade, saindo do amor servil – que se limita ao mero cumprimento dos Mandamentos –, passando pelo amor filial – característico das almas mais generosas –, até chegar, enfim, ao amor esponsal – quando criatura e Criador se unem tão intimamente, a ponto de ela ver-se transformada no objeto do seu amor [7]. Nessas moradas mais elevadas, a alma desposada por Cristo é capaz de repetir com São Paulo: "Não sou eu quem vivo, mas Cristo que vive em mim" (Gl 2, 20). Essa doutrina católica a respeito da santidade mostra a essência da liberdade, pois, neste cume a que chegam alguns santos, eles, verdadeiramente livres, são incapazes de cometer a mínima ofensa contra Deus. Longe de ser um ideal inatingível nesta vida, porém, essa doutrina de perfeição é uma realidade possível e acessível a todos. Sejamos, pois, santos, assim como o nosso Pai o é (cf.1 Pd 1, 16). Referências
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