Ressurreição
de Jesus
Diante da notícia dada pelas santas mulheres, os dois
discípulos correm até o túmulo. João corre mais rápido por causa de sua
juventude, mas também, como comentam alguns S. Padres, movido “pelo zelo do
amor”. São eles que devem fazer a verificação, por assim dizer oficial, do
túmulo vazio. O Apóstolo João tendo, porém, chegado primeiro, espera a chegada
de Pedro, sinal sem dúvida de notável deferência, primeiro sinal do
reconhecimento do primado de S. Pedro.
“E ele viu e creu”, expressões que nos recordam o nascimento de Jesus, o Verbo
Encarnado. Temos aqui os mesmos verbos, agora, a respeito de Jesus
ressuscitado. Ele se nos apresenta igualmente sensível e glorioso. E o texto
continua: “Pois ainda não tinham compreendido”. O verbo aqui empregado exprime
a ausência de uma profunda comunhão, necessária para uma apreensão interior do
fato ocorrido. Tal comunhão será concedida pelo dom do Espírito Santo.
Sobre estas duas fontes se funda a profissão de fé dos Apóstolos na
Ressurreição de Jesus: O testemunho histórico do túmulo vazio e,
conseqüentemente, o testemunho das diversas aparições e atos realizados por
Jesus ressuscitado e atestados nos Evangelhos. A segunda fonte, essencial, é o
testemunho interior do Espírito Santo, pelo qual reconhecemos Jesus como vida
nova para todos nós. Nele tornamo-nos criaturas novas e experimentamos nossa
transformação, saindo do pecado para a graça, do erro e da mentira para a
verdade. Esta experiência interior da salvação, transmitida a nós por Jesus,
atesta que Ele não permaneceu na morte, mas ressuscitou vencendo a morte e
trazendo verdadeira vida, a vida eterna para toda a humanidade. De fato,
escreve S. Pedro Crisólogo: “Para contemplar a ressurreição, a pedra deve
primeiro ser rolada para longe de nossos corações”.
Por isso, s. Agostinho se pergunta: “Onde está a morte? Em Cristo, já não
existe; existiu, mas morreu ali. Oh vida, morte da morte! Tenhamos coragem,
pois ela também morrerá em nós. O que se deu na Cabeça, repetir-se-á nos
membros; também em nós morrerá a morte. Mas, quando? No fim do mundo, na
ressurreição dos mortos, que cremos e sobre a qual não temos nenhuma dúvida”.
“Senhor Jesus Cristo, vós triunfais da morte e nos concedeis nova vida.
Dai-me olhos espirituais da fé para vos ver em vossa glória. Ajudai-me a
permanecer junto a vós e a crescer no conhecimento de vosso grande amor e
poder”.
Dom Fernando
Figueiredo